"A larangeira tem no fructo lindo
A côr que tinha Daphane nos cabellos".
Camões
RotA dAS LaranJaS
A Rota Das Laranjas |
As condições em que se efectuavam os carregamentos das laranjas e o seu transporte eram dramáticas.
Em terra a inexistência de caminhos, ou de poucos caminhos toleráveis, dificultava a circulação dos carregamentos de laranjas, que eram feitos em burros ou jumentos.
Quando as cargas não podiam ser transportadas por um só animal, utilizavam-se dois a pao e corda, ou seja, as cargas iam pendentes em cordas amarradas a uma ou duas barras de madeira, cujas extremidades passavam sobre as albardas de dois burros emparelhados. Chegaram a utilizar-se quatro burros emparelhados a pão e a corda. O transporte das laranjas pelos mares também enfrentava perigos e desconfortos.
Os temporais acossavam os pequenos navios que mostravam, com frequência, sinais de terem sido fustigados pelo mar. O mar levava-lhes o bataló, arrancava, em parte, as amuradas e abria buracos nos costados. Era quase um milagre os navios fazerem a travessia do Atlântico, carregados de laranjas. E quantos carregamentos de laranjas não foram pela água abaixo!?
No desfile de Carnaval em Binche o elemento de destaque é uma laranja especial, especifica do sul de França e Espanha.
Centenas de milhares de laranjas são transportadas para Binche, uma semana antes daquele emblemático desfile de Carnaval, que culmina no Mardi Gras, a terça-feira gorda ou a terça-feira da abundância. Nesse dia,
De acordo com a tradição as laranjas simbolizam as moedas de ouro que eram atiradas por Maria da Hungria, em 1549, às pessoas que assistiam ao desfile, com o intuito de impressionar o seu irmão.
O desfile começa com grupos de crianças que trajam de igual, seguidas pelos gilles. A origem do gilles remonta a 1549, quando as pessoas de Binche se vestiam de Incas Sul-americanos.
O traje do gilleé feito à mão, pelas mães e esposas e foi sendo trabalhado ao ponto de se tornar um traje muito específico e requintado, incluindo adereços fabulosos para a cabeça, feitos com penas de avestruz.
Atrás dos gilles, e enquanto estes atiram laranjas, vão bandas de música geralmente constituídas por um clarinete, tocadores de instrumentos de corda e de tambores.
Para se ser um gille tem de se preencher requisitos, de acordo com as tradições. As mulheres, por exemplo, não podem ser gilles e estes têm de ser Belgas ou de Binche. Quando uma pessoa se qualifica para ser gille não pode comportar-se de modo a desonrar essa condição, nem pode desfilar noutro Carnaval, como não pode usar o seu traje se não em funções oficiais carnavalescas.
Em alguns grupos podem ver-se crianças muito pequenas com o pai e o avô, todos participando como gilles continuando, orgulhosamente, com a tradição da cidade.
Em Binche o Carnaval com laranjas é ímpar.
Irei a Binche!
O cultivo da laranja nos Açores fez desenvolver técnicas para protecção dos laranjais, moldando a natureza às necessidades criadas pelo crescente comércio das laranjas. Naquele tempo ( os primeiros registos de exportação de laranjas datam de meados do século XVIII), foram sendo criadas protecções contra os maus ventos que assolavam as culturas e eram a causa de muitos prejuízos nas colheitas. | Além dos altos muros de pedra solta que rodeavam os laranjais, foram sendo plantadas, no seu interior, diversas espécies arbóreas, como a faia e os incensos, que eram, como ainda hoje, utilizadas como sebes. Desenvolveu-se o cultivo dos pinhais, que cumpriam a dupla função de abrigos e de matéria-prima para o fabrico de caixas, utilizadas na exportação das laranjas. |
Os Laranjais em Sebes, as Laranjas em Caixotes.
Antes das laranjas serem conhecidas na Europa não existia designação para o cor de laranja.
A laranja é originária da Índia com o nome de nareng. Da Índia a laranja espalhou-se pela Àsia onde se chamou narang e chegou à Europa com os cruzados.Com o começo do cultivo das laranjas em França os franceses alteraram a palavra narang em orange.E foi com este nome que a laranja assumiu reflexos dourados. Or em francês significa ouro.
Acho a laranjeira uma árvore extraordinária! Noutros tempos aos seus frutos chamou-se "maçãs do paraíso". Em pinturas antigas vemos muitas vezes os frutos da "Árvore da Ciência" representados por laranjas.
O cor de laranja por estar ligado ao fruto do mesmo nome, que noutros tempos chegou a ser um fruto exótico, tornou-se também uma cor exótica. O seu nome é tão singular que em certas linguas não há palavras que rimem bem com ele.
Linguisticamente, a cor é tão estranha que muitas pessoas pensam que o nome "laranja" não tem um significado pleno sem lhe associarem explicações. Por isso dizem "cor de laranja tal e qual" ou "vermelho alaranjado".
A singularidade do cor de laranja altera a nossa percepção, de tal modo que ao nosso redor vemos menos dessa cor do que normalmente ela existe.Mas se olharmos com atenção vemos cor de laranja por todos os lados.
O cor de laranja é a cor do sabor, da diversão, da alegria, da sociabilidade, do perigo também, da perfeição, da paixão, da transformação e do budismo.
O cor de laranja é complementar do azul, que é a cor da espiritualidade e da serenidade. Foi Van Gogh quem disse "não há laranja sem azul", querendo com isto expressar a ideia de que o efeito do laranja se torna máximo quando está junto com o azul. Que seria do laranja sem o azul?
As cores deste "papel" em que escrevo, tem uma afinidade secreta com a minha alma. Simbólica laranja!
I Laranja
A exploração económica do arquipélago iniciou-se conjuntamente com os primeiros trabalhos do povoamento.
O primeiro documento oficial que se conhece a respeito do povoamento dos Açores é a Carta Régia de 2 de Julho de 1439. Nesta Carta se diz que o Infante D. Henrique já havia mandado lançar ovelhas nas "Sete IIhas dos Açores" e que dera licença para providenciar sobre o povoamento das mesmas. Desde logo, a economia dos Açores foi orientada para a agricultura, importante base de à navegação portuguesa que por aqui passava com outros rumos, aproveitando-se o denso arvoredo que as cobria, para exportação e em especial para a construção naval, origem de múltiplos estaleiros espalhados ao longo dos seus litorais.
O trigo foi inicialmente uma cultura próspera, servindo até de padrão monetário. Chegou a ser exportado em grande quantidade. No entanto, cedo as terras se cansaram e o milho começou a substituí-lo como base da alimentação dos residentes. Tentou-se também a cultura da Cana do Açucar, à imitação da Madeira, mas depressa desencorajada pelas condições climatéricas. Nos fins do século XVI introduz-se o pastel, que alcançou produção considerável mas de pouca dura.
Quase simultaneamente formam-se as primeiras "quintas" com a introdução de muitas e variadas fruteiras, especialmente citrinos.
No século XVII a cultura da laranja mostra já um certo predomínio. Efectuam-se as primeiras exportações de laranja. Mas é no século XIX que a sua cultura e comercialização conhecem o apogeu e o seu declínio (1840-1875), que se julga corresponder à grande "depressão" que abala a economia mundial, entre 1873 e 1896.
Desde 1834, os laranjais começam a ser acometidos por dois flagelos que a longo prazo irão contribuir para a crise final, que acaba por lhes fechar a exportação. Um deles é o "coccus hesperidum", mais vulgarmente conhecido por cochonilha, devastador insecto que é introduzido nos Açores através de dois limoeiros enviados para a Ilha do Faial e que depois se expande para as outras ilhas, causando prejuízos irreparáveis nos laranjais. O outro flagelo corresponde à doença que conduz à perda prematura das laranjas, a "lágrima", deteriorando a sua qualidade e obrigando por isso, a arrancar vastas áreas de plantações contaminadas.
É o fim do mítico "Ciclo das Laranjas".
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