Domingo, 23 de Dezembro de 2007
CONtar o mundo
NATAL!
No Natal, à mesa, também há lugar para o SONHO MAIS DOCE…
Domingo, 2 de Dezembro de 2007
CONtar o mundo
Se me cansei e fiquei farta
Alguma coisa se passou! O mundo encheu e eu envelheci!
Se troco as partes pelo todo, não gosto…Se troco o todo pelas partes, isso não significa, porém, que desisti!
Procuro, porque gosto de gostar das pessoas, mesmo sem pensar em ti!
Dentro de um Natal vago e sem cheiro
Ofereço-te, afinal, o que sempre te ofereci
As minhas laranjas…
Terça-feira, 17 de Julho de 2007
CONtar o mundo
Silêncios!
Não há um silêncio. Há silêncios!
Há silêncios serenos e silêncios agitados. Há os que sabem a morangos. Há os que cheiram a canela, e os que provocam náuseas. Há o silêncio que se guarda antes de dormir e o que precede a madrugada. Os silêncios difíceis e os que pedem esmola…Os silêncios sucedem-se.
Aproxima-se o silêncio de partir e o silêncio da ausência.
Domingo, 17 de Junho de 2007
CONtar o mundo
Constelações!
Peixes e Búzios à nossa volta – Constelações!
Sexta-feira, 1 de Junho de 2007

CONtar o mundo
Moldava, Olhos Rasos de Água
Moldava voltava, dia após dia, àquela casa, guardada por altos muros e portões fortes, oxidados pela ressalga e cheiro a maresia, que poisava, também, nos becos, na calçada, nas plantas, nas suas coisas, dando a tudo o que era dela um perfume que tão bem conhecia.
Depois, já dentro em casa, Moldava antes mesmo de a noite se fazer anunciar, tomava conta da vida que faltava cumprir: a loiça era lavada, o chão varrido, as roupas arrumadas, as camas desfeitas, os livros empilhados, os últimos contactos feitos…tudo era posto no seu lugar! Cada coisa encontrava, sempre, o seu lugar.
Quase desfeita pelo fim do dia, com as mãos ásperas e os olhos quebrados, deixava-se penetrar pela água do banho. Nessa altura sentia uma grande limpeza dentro de si, como se estivesse, também, a lavar a alma. Havia na casa, agora, um grande sossego. O dia estava pronto. O silêncio crescia com o tempo pela noite dentro e neste silêncio implacável, Moldava olhava os tijolos, a cal, a madeira, os cortinados, as mobílias, o cadeirão onde costumava ler, a cesta das flores…como se a relação que estabelecia entre todas estas coisas fosse a expressão de uma ordem que ultrapassava a casa.
Parecia que as coisas a olhavam, a compreendiam e ela procurava nelas o centro da atenção. Criava-se, a cada instante, uma cumplicidade e unidade entre ela e o que a rodeava, e ela pertencia a essa unidade, obstinadamente.
Era assim que ela, um dia atrás do outro, quando ia dormir, depois de ter recolhido os sacos das laranjas, encontrava no sono uma infinita liberdade, que ela tanto precisava para viver.
Lá fora! Lá fora, os animais uivavam e digladiavam-se, porque estavam vivos e despertos e o mar, esse, bailava, em gestos, soltando a sua maresia que poisava nas suas coisas.
Segunda-feira, 21 de Maio de 2007
CONtar o mundo
Daqui ao fim!
Daqui ao fim são dois tempos! Um tempo para ainda ver, outro para deixar de ver, um tempo para tentar querer alguma coisa, outro para já não querer nada, um para pensar que ainda vale a pena viver, outro para pensar que afinal já não vale a pena viver, que melhor mesmo é o fim…O fim está para além do que vejo, é um diálogo ténue e doce com os anjos que nunca nos deixam no nada e nos conduzem para a leveza do infinito invisível!
Domingo, 20 de Maio de 2007
CONtar o mundo
Os gestos!
Falamos com os nossos gestos! Falamos muito mais com os gestos do que propriamente com as palavras! Mas são tão importantes os gestos e as palavras!
Há gestos que exprimem a alegria de viver, como há gestos que exprimem a tristeza, há gestos delicados que gostamos de dar e receber, há gestos atabalhoados, gestos que sendo imperfeitos são gestos de simpatia e de cuidado, há gestos que mesmo precipitados levam consigo tudo o que temos no nosso interior, há gestos que exprimem dor, há gestos feitos de harmonia, gestos que põe a música no ar, gestos que põe o mundo a girar, gestos simples que damos e recebemos, como se tivessem o perfume e as cores da Primavera. Há gestos que exprimem amor, como há gestos bruscos, gestos de brutalidade que magoam as próprias mãos, há gestos que exprimem o que de feio há em nós, há gestos que se sentem mesmo sem existirem, há gestos que reservamos, mesmo sabendo que eles são importantes para quebrar a solidão, como há gestos tão simples que nos podem dar prazer…há tantos gestos!
Há tantos gestos perfeitos que deviamos exprimir, porque os gestos nunca se gastam.
Sexta-feira, 18 de Maio de 2007
CONtar o mundo
“Mal-estar de um Anjo”
Gostava de ser um anjo! Um anjo de verdade! Mas não sei sê-lo! Esqueço-me das “asas”, com muita frequência, porque ocupo a minha cabeça com futilidades e afazeres inglórios ou egoístas. Mas sei que tenho dois Anjos! Um que cuida de mim em vida, que faz tudo o que é possível para que suporte e melhore os meus dias, desde que me levanto até à noitinha, quando me apresto para dormir. É nessa altura, então, que o outro Anjo se coloca de alerta e a partir do momento em que adormeço, põe-se a pensar sobre o dia em que me levará a fazer uma viagem, como é meu desejo, para descansar. Nunca me esqueço deles, ou melhor lembro-me sempre deles, mas porque têm tanto para fazer em relação a outras pessoas, sinto que, por vezes, se “chateiam” comigo por não gostarem que espere deles milagres, por os “super-valorizar”, criando-lhes “mal-estar”.
“Mal-Estar de um Anjo”, de Clarice Lispector, faz-me pensar que “Cada um tem o Anjo que merece”!
Sábado, 28 de Abril de 2007
CONtar o mundo
“Jogo” Laranja
Foi o fundo em tons alaranjados, desta imagem, que primeiro me prendeu! Depois, detive-me nas manchas ou borrões! Deixei-me atrair, afinal, pelo todo, tons e formas, por uma realidade abstracta, fora das coisas perceptíveis do mundo visível. Uma realidade, supostamente, ambígua e destituída de estrutura, mas que para mim me pareceu, no imediato, clara, provavelmente em nada consentânea com a identidade que lhe atribuiu quem a criou.
Num lapso de tempo, voltei a centrar-me nas manchas e fiz, quase sem dar por isso, uma espécie de exercício ou “jogo”, cujos resultados anotei, antes mesmo de me propor contá-los.
O que vi, então: indubitavelmente, as manchas pareceram-me duas aves, ou em concreto, duas galinhas, desalentadas, colocadas frente uma à outra.
A galinha à direita apresenta a cabeça descaída para o lado oposto ao da minha visão; as penas do peito estão soltas, mas emaranhadas, pelo que se seguram no seu lugar de origem. A cauda parece perfeita, ou seja, parece não ter sofrido qualquer tipo de “agressão”. A pata esquerda foi cortada, enquanto a pata direita se mantém visivelmente sã.
A galinha à esquerda apresenta-se prostrada, caída por terra, cobrindo com o próprio corpo as suas patas. Nem a cauda, nem a cabeça são visíveis. Resta-lhe, apenas, o pescoço. À sua volta há um conjunto disperso de penas. Dir-se-ia, que nestas condições, degradantes, vinham de uma “briga de galinhas”, fruto de um desentendimento que, aparentemente, resultou num clarão, que as envolve.
Mas, pode, para além desta visão, dar-se o caso de ambas as figuras “pertencerem” a um único ser, que está deitado, antes de, por uma razão qualquer, a cabeça, com cornos – lado direito, se ter desconectado do corpo – lado esquerdo. O clarão é, sempre, uma realidade.
Proponho-me repetir este exercício ou “jogo”, daqui a algumas semanas, e quem sabe, não veja no seu conjunto, arrojadamente, um céu aberto à hora do pôr-do-sol, e as asas de um magnânimo avião, envolto em nuvens?
Quarta-feira, 25 de Abril de 2007
CONtar o mundo
Cores da Primavera: o Verde e o Cor-de-Rosa.

Por intuição, ou por uma espécie de compreensão universal, existem cores que associamos às estações do ano. À Primavera associamos, normalmente, o verde, o azul, o amarelo, o cor-de-rosa e o branco. No entanto, cada cor tem, creio, individualmente, uma conexão de significados, pela forma como a percebemos. Digamos que, para além da compreensão universal, cada um de nós vê, sente e julga as cores de uma maneira muito pessoal.
As cores aparecem em todos os contextos possíveis e imaginários: na natureza, na arte, no vestuário, nos bens de consumo, na decoração, etc, e despertam em nós sentimentos muito distintos ou opostos, sentimentos positivos e sentimentos negativos. É, sobretudo, no vestuário que se enraíza ou percebe a relação da cor com os sentimentos, ou com o sentir.
Vestir verde na Primavera, é estar conectado com a essência da natureza, com o amor que devotamos a ela; é sinónimo de um estilo de vida ligado à sanidade; é ser jovem. É vestir a cor da fertilidade (na Primavera tudo germina e brota), a cor da esperança, da felicidade, é encanto e cortesia. Associar ao verde o cor-de-rosa é espalhar sentimentos positivos, é demonstrar amabilidade, é ser refinado. Cor-de-rosa, tom cálido “tipo Primavera”, sinónimo, igualmente, de encanto e cortesia.
As cores da Primavera são cores perfeitas para princesas, que além do mais, sabem que efeitos produzem as cores nos outros. Também, por isso, nem todas podemos ou sabemos ser princesas!
Nota1. Pelo que ficou dito, não admiro ou admito princípes vestidos de verde e cor-de-rosa.
Nota2: Guardo o laranja para o Outono.