Melhores pensadores e Melhores “sentidores”!
No silêncio somos melhores pensadores e melhores “sentidores”! É, também, no silêncio que percebemos melhor que estamos em desacordo com os outros e que percebemos que esse desacordo nos liberta da nossa sonolência e nos obriga a considerar o nosso próprio ponto de vista por oposição aos outros, ou apenas a um outro, que não o partilha, vive ou sente as coisas ou situações como nós! Apesar de sermos seres únicos, cada vez mais únicos no mundo, ser-se afectado pelas acções e pelos sentimentos dos outros, também me parece perfeitamente natural! Mais ou menos livres, em tudo, há coisas, no entanto, que temos de saber porque delas depende o nosso bom desempenho na vida! Estou a pensar, concretamente, na moral, na ética (moral colectiva) e nos bons costumes!
Aquilo que é a nossa vida, é-o, em parte, como resultado do que sabemos fazer com a nossa liberdade – por muito condicionados que estejamos pelas circunstâncias, nunca temos um só caminho, é sempre viável escolher dentro do possível, acertar e saber viver e ter aquilo a que, presumo, se chame “arte de viver”. Cada um terá a sua própria forma de viver com arte, mas estou a pensar aqui, outra vez, na moral, na ética e nos bons costumes!
Às pessoas de que verdadeiramente gostamos, desejamos, a amiúde, que cuidem de si, que tenham uma vida boa ou, acima de tudo, que vivam bem. Com isto, estamos a desejar às pessoas de quem gostamos (e porque não aos desconhecidos, também?) que sejam responsáveis, criadoras, escolhendo o seu próprio caminho, estabelecendo prioridades ou estabelecendo hierarquias entre o que lhes apetece no imediato e aquilo que lhes será importante a médio e longo prazo! Normalmente, ávidos, apenas pensamos no imediato! Precisamos de alguém que nos lembre isso!
Nenhuma vida boa dispensa as companhias “inteligentes”!
“ É a fraqueza do homem que o torna sociável; são as nossas misérias comuns que inclinam os nossos corações à humanidade; se não fôssemos homens nada deveríamos. O apego é sempre sinal de insuficiência: se cada um de nós não tivesse necessidade alguma dos restantes nem sequer pensaria em unir-se a eles. Assim é da nossa própria carência que nasce a nossa frágil ventura. Um ser verdadeiramente feliz é um ser solitário: só Deus goza de uma felicidade absoluta; mas quem de entre nós tem ideia do que seja semelhante coisa? Se alguém, sendo um ser imperfeito, pudesse bastar-se a si próprio, de que gozaria, segundo o que nos parece? Estaria só, seria infeliz. Não concebo que quem não tem necessidade de nada possa amar alguma coisa: e não concebo que quem nada ame possa ser feliz” ( Jean-Jacques Rousseau, Emílio).