Segunda-feira, 21 de Maio de 2007
CONtar o mundo
Daqui ao fim!
Daqui ao fim são dois tempos! Um tempo para ainda ver, outro para deixar de ver, um tempo para tentar querer alguma coisa, outro para já não querer nada, um para pensar que ainda vale a pena viver, outro para pensar que afinal já não vale a pena viver, que melhor mesmo é o fim…O fim está para além do que vejo, é um diálogo ténue e doce com os anjos que nunca nos deixam no nada e nos conduzem para a leveza do infinito invisível!
Domingo, 20 de Maio de 2007
CONtar o mundo
Os gestos!
Falamos com os nossos gestos! Falamos muito mais com os gestos do que propriamente com as palavras! Mas são tão importantes os gestos e as palavras!
Há gestos que exprimem a alegria de viver, como há gestos que exprimem a tristeza, há gestos delicados que gostamos de dar e receber, há gestos atabalhoados, gestos que sendo imperfeitos são gestos de simpatia e de cuidado, há gestos que mesmo precipitados levam consigo tudo o que temos no nosso interior, há gestos que exprimem dor, há gestos feitos de harmonia, gestos que põe a música no ar, gestos que põe o mundo a girar, gestos simples que damos e recebemos, como se tivessem o perfume e as cores da Primavera. Há gestos que exprimem amor, como há gestos bruscos, gestos de brutalidade que magoam as próprias mãos, há gestos que exprimem o que de feio há em nós, há gestos que se sentem mesmo sem existirem, há gestos que reservamos, mesmo sabendo que eles são importantes para quebrar a solidão, como há gestos tão simples que nos podem dar prazer…há tantos gestos!
Há tantos gestos perfeitos que deviamos exprimir, porque os gestos nunca se gastam.
Sexta-feira, 18 de Maio de 2007
CONtar o mundo
“Mal-estar de um Anjo”
Gostava de ser um anjo! Um anjo de verdade! Mas não sei sê-lo! Esqueço-me das “asas”, com muita frequência, porque ocupo a minha cabeça com futilidades e afazeres inglórios ou egoístas. Mas sei que tenho dois Anjos! Um que cuida de mim em vida, que faz tudo o que é possível para que suporte e melhore os meus dias, desde que me levanto até à noitinha, quando me apresto para dormir. É nessa altura, então, que o outro Anjo se coloca de alerta e a partir do momento em que adormeço, põe-se a pensar sobre o dia em que me levará a fazer uma viagem, como é meu desejo, para descansar. Nunca me esqueço deles, ou melhor lembro-me sempre deles, mas porque têm tanto para fazer em relação a outras pessoas, sinto que, por vezes, se “chateiam” comigo por não gostarem que espere deles milagres, por os “super-valorizar”, criando-lhes “mal-estar”.
“Mal-Estar de um Anjo”, de Clarice Lispector, faz-me pensar que “Cada um tem o Anjo que merece”!
Quarta-feira, 16 de Maio de 2007
O CANto dA NatUreZa
A maior de todas as árvores nasce de uma pequena semente!
...na fase em que está, é impossível arrancá-la sem deixar sequelas. Difícil mesmo é arrancá-la sem parar e pensar na sua beleza, ela está saudável, com lindas flores brotando a cada dia, dando os frutos mais saborosos que eu já provei e renascendo a cada primavera…
Domingo, 13 de Maio de 2007
O CANto DaS paLAvRas
“Ausência” de Carlos Drummond de Andrade, leio
Saudade
“Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.”
Terça-feira, 8 de Maio de 2007
O CANto dA NatUreZa
A natureza é inconsciente!
E
Esta flor futilmente bela!
A natureza é inconsciente!
E
Estas flores futilmente belas!
Domingo, 6 de Maio de 2007
O CANto DaS paLAvRas
Nas Palavras…
“Para Sempre”, de Carlos Drummond de Andrade, LEIO
Eternidade (mesmo).
“Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não se apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra – mistério profundo – de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho”
Nota a propósito: Dedico estas palavras, de Carlos Drummond, à minha mãe, a todas as mães, às mães que são minhas amigas, e às mães, que o não são, mas por quem tenho um carinho especial.
Quarta-feira, 2 de Maio de 2007
O CANto DaS paLAvRas
Nas palavras
“Meu Deus, me dê a coragem”, de Clarice Lispector, LEIO
Oração.
“Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.”