Terça-feira, 27 de Fevereiro de 2007
CONtar o mundo

Por mais lógica que procure para todas as coisas da vida, por mais certezas que teça sobre ela, para a tornar compreensível, organizada e aceitável, amiúde sou surpreendida por situações que escapam à minha capacidade de imaginar e de controlar. Sei, pois, que a vida é feita, também, de surpresas, do inimaginável, mas percebo que ninguém se faz sozinho. Precisa do outro para crescer. Os meus gestos, o meu rosto, os meus valores, a minha família, a minha rua fazem a pessoa que sou com a minha história, e fico alcançada com o mundo quando percebo que a minha história não serve a ninguém, para construir lógicas e tecer certezas. É caso para pensar que afinal sou a pessoa possível, mas inconsequente.
Sábado, 24 de Fevereiro de 2007
CONtar o mundo

A água para o chá ferve no fogão. Vasculho nos armários aquele que seria o melhor chá para a tremenda sensação de fraqueza que sinto, mas não encontro! Decido, então, tomar um chá de laranja!
Segunda-feira, 19 de Fevereiro de 2007
CONtar o mundo
CARNAVAL!

(Imagem do Carnaval em Manton -Nice)
Carnaval de uma "Menina com uma Flor"!
Sábado, 17 de Fevereiro de 2007
O CANto dAS LetRAs
Os Livros!
O mundo da informática, dos computadores, a era virtual, nunca substituirá os livros e a necessidade de darmos continuidade à nossa formação, pelo hábito da leitura.
Somos capazes de nos admirarmos ou de nos surpreendermos com a vida, com o mundo que nos rodeia! Pelos livros vivemos as nossas fantasias sem medo da imaginação. Essa doçura começa pelo apetite que os livros nos despertam. Cada vez mais as edições são requintadas, coloridas, bonitas, apetitosas!
É nos livros, no papel, que as palavras ficam melhor!
Quarta-feira, 14 de Fevereiro de 2007
CONtar o mundo

Em estilo arrastado, devagarinho, numa narrativa interiorizada, "Clarice" (Ana), ela própria, faz-se atravessar pelos portões do Jardim Botânico, onde tudo era estranho, suave demais, grande demais. Adormecida dentro de si terá dado conta que o cheiro que vinha das árvores era da flor da laranjeira?
Invadida pela náusea, por um momento luminoso, a imagem do cego persegue-a, porque o mal estava feito. A necessidade que tem de amar o cego é a ânsia de se entregar ao mundo obscuro e desconhecido, como forma de alienação, de fuga à solidão e à rotina.
Na cozinha, o fogão enguiçado dava estouros, mas ela, cuidadora, apaziguava-o tão bem quanto a vida.
Sentidora, procurava, sem dúvida, um pouco de liberdade!
Domingo, 11 de Fevereiro de 2007
Vivo atraída por este dragoeiro, ou pelos dragoeiros. A atracção que exerce sobre mim é uma espécie de união empática, que é capaz de me provocar o medo do fim. A natureza é isso mesmo; a estética do sublime, uma fonte inesgotável de novos sentidos, de significações, uma graça divina que gostaria de manter para sempre!
Sexta-feira, 9 de Fevereiro de 2007
CONtar o mundo
Laranja e Chocolate!
Há coisas neste mundo que se ajustam, que combinam, que se misturam, que se harmonizam, que apetecem, que sabem bem! Coisas que se derregam numa áurea doirada de mistério, que envolvem e escondem o que não se vê! É assim o chocolate quando se derrete sobre o laranja!
Chocolate é desculpas, elegância e amizade, é gentileza, é cortesia, prazer, felicidade…é o que o laranja era quando deixou de ser!
Segunda-feira, 5 de Fevereiro de 2007
Vi-te passar corcunda
Por aquele pátio vazio
Pedalavas devagarinho
Em teu ar absorto
Pedalavas tão devagarinho
Como se estivesses morto!
Teu caminho era o mar
Viajaste o mudo
Sem barco e sem vela
Sem saíres do mesmo lugar
Como se estivesses
Mareando a mais bela caravela!
À noitinha
Com o mar e o mundo no coração
Pedalas corcunda
P’la mesma estrada
A mesma que te não deixa sair da solidão!
Conheço essa estrada
Conheço teu viajar
É sempre a mesma estrada
A mesma que te conduz ao mar!

Sábado, 3 de Fevereiro de 2007
O CANto dAS LetRAs

AS PALAVRAS
São Tantas as Palavras!
São Belas as Palavras!
São Importantes as Palavras!
Há palavras p’rá manhã, palavras p’ró dia, p’ró entardecer, p’rá noite, p’ra quando se vai adormecer; há palavras ricas, fartas, cheias e as que não sendo ricas não deixam de o ser; Há palavras de gratidão, de afecto, de dor; há palavras que riem connosco e choram se preciso for; há palavras que ditas se diluem, correm como o mar, mas há palavras que se colam a nós p’ra não nos deixar; há palavras doces como o mel que nos deixam lânguidos, mas há palavras que transbordam o fel; há palavras que são puro massacre, que de tão pesadas e duras nos fazem sofrer, palavras, armas de arremesso, que magoam mesmo sem se ver; há palavras que cheiram! Têm cheiro a mar, ao perfume das flores, à brisa que passa no ar; há palavras que se dizem sem querer, palavras que depois de ditas queremos recolher; há palavras que têm cor! São verdes as palavras que bendizem a natureza, a terra, uma flor; são vermelhas as palavras que falam de amor; há palavras que os poetas dizem, brancas quando falam da alma, pretas quando esparramam a dor; há palavras gratas que gostamos de dizer, palavras que escondem a amizade que não podemos viver; há palavras sábias, certas que nos fazem crer; há palavras de profissão, palavras que levamos quando vamos ganhar o pão; há palavras para louvar a vida mesmo quando não se sabe viver; há palavras da moda, que aparecem para voltar a desaparecer; há as que dizem tudo sem nada dizer; há palavras que sabemos e nunca dizemos p’ra ninguém até morrer; há palavras pequeninas como as crianças, palavras que nos acrescentam, nos fazem crescer; há palavras que se dizem ao luar, de mãos dadas, vestido de chita, p’ra namorar.
Há tantas palavras! Palavras que como a Laranja, se comem, se bebem, fazem sonhar! São palavras da imaginação, que nos levam acima e nos põe no chão; palavras de fantasia e desilusão.
Há palavras que dissemos, as que dizemos e as que sabemos que nunca mais podemos dizer!
Há palavras que pertencem ao infinito!?