CONtar o mundo

Há uma laranja que está só!
O grande problema está na escolha entre as diferentes hipóteses para explicar o porquê disso. Teremos de separar as hipóteses que se encaixam com as evidências que conhecemos e aquelas que não se encaixam.
As minhas explicações certamente não são as mesmas que as outras pessoas têm. O máximo de tempo que eu possa dedicar ao simples facto de a observar vai sempre dar-me a certeza que nunca ninguém a observaria da mesma forma do que eu.
Aquilo que eu possa pensar estará sempre envolvido por sentimentos pessoais que vêm à minha memória, ainda que a analise friamente na tentativa de descobrir o que as outras pessoas podem ver.
Mas não é isso que eu quero!
Tento reorganizar o que vejo no cérebro para tentar chegar perto da realidade. E sei que o que eu vejo, pode ser o que eu quero. Basta eu querer! As formas simbólicas, não são imitações mas sim agentes da realidade, que trazem os objectos para o nosso conhecimento intelectual, tornando-os visíveis e permitindo que os analisemos. Seguindo este ponto de vista, aquela laranja aparece, mais uma vez, como símbolo; o mundo de impressões sensoriais transformado num mundo mental, de ideias e significados.
Está só porque deixou, por um certo tempo, de pertencer àquele grupo de laranjas, os seus pares, o que favorece a percepção de que a cada instante um par pode deparar-se com a necessidade de ficar só. Esta laranja estará a passar por um conflito, do tipo atracção-repulsão, sem querer ferir as outras.
O conjunto de laranjas é uma realidade, uma espécie de “miragem social”.
Não tenho dúvidas sobre a fraternidade. Mas a fraternidade é invocada segundo as circunstâncias e dificilmente se estende a todas as laranjas. Haverá, sempre, alguma laranja que ficará de fora!