CONtar o mundo
A memória ocupa um lugar importante como depositária dos acontecimentos, lembranças, recordações e como organizadora das significações. Através dela vêm à tona acontecimentos vividos noutros tempos, lugares e espaços.
Através desta "actualização", procuramos atribuir um sentido ao presente, preferindo, no caso, lugar nenhum à cozinha!
E ela, sem mesmo ter dado por isso, num dado momento, fatigou-se, fartou-se: As pessoas ocupavam duas mesas! Era preciso inventar as ementas: perna de porco assada; cozido à portuguesa; rojões com inhame e migas; feijoada; bolos do forno; pargo assado, bolas de carne; grelhados, folares, filhós; tartes de maça; compotas…depois aquela história de lavar tachos, panelas, alguidares, assadeiras, tigelas de loiça de figueira, panelas de ferro, grelhadores…assumia-se como fazer a mesma coisa o tempo todo, com esforço. Tempos vividos, lugares lembrados com seus tons, sons e odores!
Viveram-se ali tempos de uma “violência doce”.
Mesmo sem dar por isso arranjou maneira de suportar aquela situação, enquanto aguardava um futuro distante e sempre remetido para depois.
Será que ainda o procura?