CANtar o mundo
Entendo-te poeta!
Como se hoje fosse o amigo que não tiveste
Entendo-te poeta!
Por esse teu desejo de estética
Por te identificares com a arte
Que na Vida
Em mim e em ti fez parte
Entendo-te poeta!
Por te teres fixado no sonho e no sono
Nessa que é a minha vontade
De penetrar nas trevas
No labirinto que somos
Prevalência obsessiva do eu
P’la relação crepúsculo com o outro
Que não és tu nem eu
Entendo-te poeta!
P’la tua acuidade sensorial
P’la cor que em ti e em mim
Foi pronuncio da afectividade
Das carícias que a noite matou
Nesse ideal inacessível que para ambos o amor desalentou
Entendo-te poeta!
Tu Estátua Falsa sem ser e sem ter
Eu Estátua Mendiga
Porque nenhum de nós se adaptou à vida
Do Alto veio a queda e a fadiga
Entendo-te poeta!
Porque mesmo vivendo mortos
Da morte temos saudade
Anseios de fuga
No meio de tantas vontades
Entendo-te Poeta!
Por eu ser o Quase Nada