CONtar o mundo
Na maior parte da nossa vida social a imaginação é um modo particular de relação com o mundo. Enquanto modo de relação podemos ser dissociados dela, podemos até falar de imaginação” inconsciente”, mas ela constitui a nossa primeira maneira de fazer a experiência dele.
Olhando esta imagem, pela forma como se é capaz de fazer essa experiência, podemos imaginar que estas laranjas são homens que vemos do alto de um prédio, uma multidão, e que caminham empurrando-se uns aos outros numa rua, à saída de um extraordinário evento.
Cada homem, nesta rua é o “outro” para os outros, cada homem destes pensa o que ele pensa que o outro pensa. O mais alto sentido ético da conexão destes homens é a preocupação recíproca. Afinal ser-se afectado pelas acções ou pelos sentimentos dos outros é “natural”!
Não se espere, porém, que estes homens existam durante muito tempo, como multidão apenas pela virtude de uma experiência unificada. Ao saírem da rua por onde vão, lá mais em baixo, eles desaparecerão, enfrentando uma transformação. Começarão a levantar questões, quando as coisas se tornarem problemáticas, como sempre acontece. O desacordo arrancá-los-á da sua cadência sonolenta e eles serão obrigados a considera o seu próprio ponto de vista por oposição aos que o não partilham.
Resta saber se conseguem resistir a tais confrontações?